Universidade Utiliza Biodigestor Homebiogas como Instrumento de Pesquisa

Um campus universitário instiga nossa criatividade, inquietação pelo desconhecido, desejo de fazer pesquisa, aprender coisas novas e, principalmente, testar. Motivada pelo interesse de trazer um carretão que tem instalado do Sistema Homebiogas para participar de uma feira, fui ao encontro de um pesquisador “desagradável” como ele mesmo se refere e por incrível que pareça essa designação me deixou bem confortável por que muitas vezes já pensei em minha “inconveniência programada”.

Alguns assuntos são na sua origem desagradáveis e inconvenientes. Lixo, por exemplo. Quem gosta de falar disso?

Como o significado já diz, lixo é qualquer material sem valor ou utilidade, ou detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais etc. que se joga fora, logo, porque precisamos nos ocupar dele. Mas é exatamente isso que precisamos corrigir porque não existe lixo, não existe jogar fora. Tudo o que descartamos é resíduo e se bem tratado, identificado, separado e destinado ao local correto é revertido em matéria prima para um série de novos produtos ou insumos, tipo: biogás.

 

MICROORGANISMOS EFICIENTES

A digestão anaeróbia é um processo metabólico complexo que requer condições anaeróbias (potencial redox < – 200 mV) e depende da atividade conjunta de uma associação de microrganismos para transformar material orgânico em dióxido de carbono e metano. O processo pode ser dividido em quatro fases, sendo: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese. Cada etapa é realizada por diferentes grupos de microrganismos, em sintrofia, e podem requerer diferentes condições ambientais. (AMARAL, A. C. do)

Assunto de aula de biologia que recebeu pouca importância e que agora precisa ser estudado, conhecido e explorado em todo o seu potencial. Foi isso que fez Carlos Emilio Vieira da Silva ao escolher o assunto “Sustentabilidade: Avaliação da produção de biogás em um biodigestor de pequena escala” para o seu trabalho de mestrado na UNIVATES – UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO em 2021.

Diz Carlos Emilio que “a grande evolução tecnológica emergiu com inúmeras soluções para problemas da nossa sociedade, mas concomitantemente gerou outros, e para estes se busca incessantemente alternativas. Dentro da agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, estruturantes do plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade, o uso do biodigestor escolhido para avaliação neste trabalho promove 12 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)*. Como alternativa para os modelos convencionais e não renováveis a biomassa é uma das fontes para produção de energia renovável. A partir da decomposição anaeróbica de diversos tipos de biomassas e substratos temos o produto metabólico chamado biogás, uma mistura de metano, dióxido de carbono e pequenas quantidades de outros gases como o gás sulfídrico. Estudos apontam o uso de biorreatores de pequena escala em áreas urbanas e principalmente em áreas rurais sendo economicamente viável e eficientes. O biodigestor escolhido como objeto dessa pesquisa denominado Homebiogas é um sistema pequeno com reator de 1,2 m³ e capacidade de armazenamento de biogás em um gasômetro de 0,7 m³.”

COMO FUNCIONOU O EXPERIMENTO?

Na primeira fase do experimento o foco foi avaliar a qualidade e a quantidade do biogás gerado com a utilização de resíduos orgânicos oriundos de ambiente universitário como substrato. Na segunda fase, após o consumo total da matéria orgânica, o sistema foi suplementado com óleo residual de cozinha com objetivo de potencializar a produção de biogás e avaliar separadamente o gás gerado com cada substrato. Na terceira e última fase se retornou a alimentação com os resíduos orgânicos alimentares.

A temperatura ambiente influenciou diretamente a temperatura do reator, sendo esse um fator chave para o desempenho do sistema que demonstrou efetividade na conversão dos resíduos orgânicos em biogás, mas a conversão do óleo residual não foi representativa. As taxas de Metano (CH4) na composição do biogás gerado foram em média 64,34%, bom resultado em termos de qualidade para a sua utilização energética. A média de produção de biogás com temperaturas acima de 28 Cº e atividade plena das bactérias foi de 656 litros por dia, equivalente a 164 L.kg Biomassa-1. Os resultados obtidos reforçam o uso de biodigestores de pequena escala como uma solução para a transformação descentralizada de resíduos orgânicos em biogás, mas advertem sobre a necessidade de instalação desses equipamentos em locais de plena incidência de luz solar e calor para um melhor desempenho na conversão da matéria orgânica e produção do biogás.

Acompanhe no vídeo uma rápida explicação sobre o funcionamento, anote suas dúvidas em encaminhe para mim pelo WhatsApp 51.9993.58.0026 que terei o maior prazer em te contar como está sendo minha experiência em cuidar na nossa “Vaquinha” como é aqui carinhosamente chamado o nosso biodigestor 2.0.

Se ficou curioso e quer se aprofundar no assunto, aproveita que disponibilizei para você aqui no link o acesso ao trabalho de mestrado do nosso amigo Carlos Emilio, na íntegra. Caso seja útil para você, lembre-se de curtir, comentar e recomendar esse material.

 

****Sobre os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podemos dizer que são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.

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